Haddad diz que "insegurança jurídica" atrapalhou a frente de esquerda

Haddad diz que "insegurança jurídica" atrapalhou a frente de esquerda Fernando Haddad (PT) disse em entrevista aos jornalistas de blogs e sites independentes, na manhã desta terça (7), que lutou "pessoalmente" para construir uma "frente de esquerda", como vem sugerindo o PCdoB, em torno de Lula. Porém, a "insegurança jurídica" (leia-se a imprevisibilidade acerca da situação eleitoral do ex-presidente) foi um obstáculo às negociações. "O que, no campo da centro-esquerda, dificultou foi a insegurança jurídica que o Brasil está vivendo. Ninguém se sente seguro, do ponto de vista jurídico, e isso alimenta uma série de movimentos que não estariam acontecendo numa situação de normalidade democrática", disse Haddad. "Respeitamos os partidos de nosso campo que querem lançar candidato próprio, mas precisamos reconhecer que se Lula estivesse assegurado, não estaríamos nessas circunstâncias", acrescentou. Na semana passada, a imprensa divulgou que o PT ofereceu ao presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, a chance de Ciro Gomes ocupar a vaga de vice na chapa de Lula. O pedetista respondeu que o convite chegou atrasado, pois a candidatura de Ciro já estava lançada. Mas as declarações de Haddad jogam mais luz sobre o imbróglio. É de se imaginar que Ciro não quis trocar o certo pelo duvidoso. Afinal, a aliança seria de inegável interesse de Ciro se houvesse a possibilidade de ele assumir a chapa no lugar de Lula, com Haddad na vice. Mas mesmo que eventualmente tenha ouvido uma promessa nesse sentido, que garantia teria Ciro, se o próprio PT não descarta levar Lula às urnas com um registro sub judice? Ciro ficaria na dependência de Lula ser barrado num "processo de exceção". Sem citar especificamente a tentativa de aproximação com o PDT, Haddad disse na entrevista que lutou "pessoalmente pra isso [a frente ampla de esquerda] acontecer, me expus pessoalmente porque eu queria que a frente fosse ainda mais ampla, mas em torno de Lula. A única questão que eu colovava é que tem que ser em torno do Lula. Não seria justo que não fosse em torno dele. Depois, se discute qualquer coisa." A estratégia eleitoral do PT, até o momento, indica que Haddad deve ser a alternativa à eventual inabilitação de Lula e terá Manuela D'Ávila, do PCdoB, como vice, já que Ciro declinou o convite para compor a chapa. Neste cenário, Haddad reafirmou que luta para "construir a unidade possível no primeiro turno e a unidade para a vitória no segundo turno." O petista também fez questão de minimizar a cisão que gerou múltiplas candidaturas na esquerda. "Você vai se aliando primeiro com quem mais se parece com você. Estamos com PCdoB neste momento, mas no segundo turno tenho certeza que PDT estará conosco." Haddad ainda destacou a aliança informal com o PSB, que garantiu apoio de todos os governadores e da maioria de candidatos a governos estaduais no Nordeste a Lula. Questionado sobre o apoio de políticos que concordaram com o impeachment de Dilma Rousseff, como Paula Câmara (PSB), em Pernambuco, Haddad tentou jogar panos quentes. "É natural que reconheçam o erro que cometeram e apoiem o Lula. É liberdade de expressão. Às vezes apoiam por honestidade, às vezes por esperteza." O candidato a vice e coordenador do programa de governo tangenciou as perguntas sobre qual seria o papel de Lula caso o PT vença a eleição sem a participação do ex-presidente. Haddad limitou-se a dizer que espera que Lula tenha condições de disputar e que tenha sua inocência reconhecida pela Justiça. "A minha relação com Lula é de muita confiança e eu entendo muito bem meu papel nesta chapa. Vou lutar até o fim para ver Lula registrado e isso acontecendo, Manuela assume minha posição e eu vou ser muito feliz como ministro. Eu falei que eu escolho o ministério se isso acontecer", comentou. jornalggn.com.br

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