DESABAFO

DESABAFO Sim, somos hipócritas, medíocres. Somos insanos, desumanos. Não há um mínimo de dignidade, um mínimo de solidariedade. Num local onde se deveria discutir sonhos, desenvolvimento, crescimento, só se ouviu sobre taxas, índices, percentuais, commodities, ações, títulos, projeções. Uma menção sequer, ao suicídio do reitor, flagelado pela prisão injusta e pela perseguição midiática, ou às crianças de Janaúba, ou à violência contra as minorias, ou à censura cada vez mais se aflorando, ou aos ataques dos intolerantes. Nada. A vida do outro, não vem ao caso, O sofrimento do outro, não é comigo, A violência que o outo sofre, não me atinge. O que importa é o terno mais alinhado, o vestido mais brilhoso, o celular mais moderno, o cargo, o carro, o vídeo engraçadinho. Não se vê compaixão em um mundo cada vez mais inescrupuloso. O deputado que prega a moral, os bons costumes, envolvido com assédio de empregada, o outro, na passeata contra a corrupção e de verde amarelo, cada vez mais atolado em malas e malas de dinheiro. Parece que o mundo parou ou anda devagar, muito lentamente. O ponteiro da indiferença avança, enquanto o da partilha, se arrasta. O tempo, ora, pois, está à busca de água num deserto que é de desânimo. Apesar do avançar louco dos dias e meses, nossa sociedade se acovarda, perante a injustiça. Para que esse desabafo? A minha vida não tem nada com isso. Marcos Túlio

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