BOLINHAS DE PAPEL
Há um infinito naquela imagem.
Vejo-te por dentro de um livro antigo, empoeirado, esquecido.
Um clássico que não leio mais.
Sinto-te na pele suada, no arrepio do sussurro inaudível.
Um tufão, uma tempestade, uma chuva fina que não pára.
Encosto-te, coço, caçôo, pego, enrosco, enalteço, brigo, lacrimejo, suspiro, cantarolo, assobio.
Relembro uma música perdida há tempos em minha memória.
Tudo lembra, tudo sensibiliza, todos vêem, todos acreditam.
Reviro camas, lençóis, fronhas, travesseiros.
Saístes cedo, o perfume, grudado nas paredes, como a lembrança de uma viagem magnífica.
Não é sacrifício, é paixão.
Não é sortilégio, é pura doçura.
Passeio os dedos na Bíblia, no Alcorão, em Dom Casmurro, nos Sertões.
Pesquiso o teu olhar no atlas, te acompanho nas redes.
Não emudeço, apenas admiro.
Não fecho os olhos, simplesmente, medito.
Impulsono, desengaveto, guardo tudo de novo.
Cheirar, adocicar, mexer o bule de emoções.
Sentir o sabor da vida que é troca.
Marcos Túlio
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