Após reunião com MST, governo diz que vai assentar até 35 mil famílias

Após reunião com MST, governo diz que vai assentar até 35 mil famílias Depois de apresentar suas reivindicações à presidente Dilma Rousseff, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) obteve a promessa da formação de um grupo de trabalho para aprimorar o processo de reforma agrária após encontro nesta quarta-feira (13) no Palácio do Planalto, em Brasília. Após a reunião, o governo afirmou que neste ano irá assentar de 30 a 35 mil famílias. "Seria uma irresponsabilidade nossa dizer que em um ano vamos conseguir assentar 100 mil famílias", afirmou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas. O MST cobrou aceleração do processo de reforma agrária e entregou uma carta à presidente com dez pontos, onde destaca problemas e denúncias e propõe soluções, além cobrar evolução da reforma agrária. Os militantes reclamam da demora dos assentamentos e dizem que no país há 100 mil famílias que ainda não receberam terras para cultivar. Segundo eles, algumas famílias estão esperando lotes há oito anos. Além de Vargas, estavam presentes na reunião com a presidente 30 militantes sem-terra, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e Carlos Mário Guedes, presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). O MST também afirma que famílias que receberam terras, não possuem moradias dignas e pedem que a Caixa Econômica Federal amplie seus recursos e desburocratize seus processos para que eles tenham acesso ao programa Minha Casa, Minha Vida. Para os militantes, um dos principais problemas também é a dificuldade de acesso à educação. Segundo eles, há 14 milhões de trabalhadores rurais analfabetos. Eles reivindicam um programa nacional exclusivo para alfabetização de adultos para resolver o problema. E solicitam a ampliação do Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária), do Incra para aumentar o acesso de jovens do campo às universidades. Os sem-terra também criticam o agronegócio. "É um modelo perverso, concentrador da propriedade rural e da riqueza. Ele agride o meio ambiente, aumenta o uso de venenos e expulsa à mão de obra do campo. Serve apenas para uma pequena minoria de grandes proprietários rurais e, sobretudo, para gerar lucros para os bancos e as empresas transnacionais que exploram nossa agricultura", diz trecho da carta entregue a Dilma. "Estamos abertos a ouvir as reivindicações. E não queremos dar respostas fáceis não queremos ser demagógicos", afirmou Vargas ao ser questionado sobre quando o governo vai dar respostas concretas ao trabalhadores rurais. Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, o governo vai dialogar com os movimentos de trabalhadores rurais para organizar o cadastros das famílias e facilitar o acesso a credito para aquisição de casas do Minha Casa, Minha Vida. Vargas afirmou ainda que o governo tem capacidade para vistoriar um milhão de hectares de terra no prazo de um ano para avaliar a viabilidade de destiná-las à reforma agrária. Os militantes também entregaram à presidente uma cesta com produtos agrícolas. Protesto em Brasília A reunião com a presidente foi realizada um dia após uma marcha do movimento em Brasília que teve confronto com a Polícia Militar e ameaças de invasão ao STF (Supremo Tribunal Federal). "Nossas principais conquistas foram a vitoriosa marcha de ontem e ser recebido pela presidente", disse Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST ao comentar a reunião com a presidente. Durante o encontro, Dilma recomendou ao Ministério de Desenvolvimento Agrário que estude a destinação de mais recursos do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) às famílias assentadas e prometeu a inclusão delas no Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao EnsinoTécnico e ao Emprego) para ampliar a qualificação de trabalhadores rurais. (Extraído do BOL)

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