Rei posto

Rei posto É curiosa a coincidência da safra de filmes americanos com a trama orientada pelo dinheiro. Por Orlando Margarido É curiosa a coincidência, mas não a razão, que filmes recentes da safra americana tenham trama orientada pelo dinheiro. Em torno dele construiu-se e ainda reluz aquela sociedade, que produz todo tipo de efeito. Um deles diz respeito ao surgimento do escroque, do pequeno ou grande trapaceiro, profissional ou amador, a depender da linhagem. O cinema adora esses personagens. O especulador que devolve a mulher à pobreza em Blue Jasmine, filme de Woody Allen em cartaz, integra o time do alto escalão dos golpistas financeiros. O casal de Trapaça, previsto para a segunda 31, esbanja esperteza, mas é apenas cômico. Acima de todos paira o especialista em falcatruas Jordan Belfort, o manipulador da Bolsa merecedor de um filme de Martin Scorsese, O Lobo de Wall Street, estreia de sexta 24. A singularidade nesse caso é que Belfort existiu. Especulou na Bolsa, lavou dinheiro e fraudou seguros. Era um milionário esbanjador quando as autoridades comprovaram suas trapaças. Cumpriu dois anos na prisão até 2006, e a partir daí dá aulas de empreendedorismo e motivação, o que oferece uma ideia do reino das oportunidades chamado Estados Unidos. É sobre isso, acima de tudo, que deseja tratar Scorsese ao traçar a ascensão e queda de Belfort, com seu ator fetiche Leonardo DiCaprio à frente. O cineasta está longe de ser um irresponsável e ingênuo condutor de histórias edificantes, e ao contrário das acusações de glamourização e conivência, seu painel de três horas põe o pilantra a nu. Talvez com certo disfarce que leve a Academia a não enxergar os méritos do filme para as cinco categorias ao Oscar. (Extraído da Carta Capital)

Comentários