SAMAMBAIA EM UM CANTINHO ÚMIDO
É meu caro!
Perdemos.
Nem citando Lorca ou argumentando que a cultura é sinônima de resistência.
Não deu.
No jogo, onde quem tem mais valor material, leva.
O bem imaterial fica para trás.
Ganhou o que vale mais,
sem sonho,
sem a possibilidade do encontro.
Nem mesmo a microscópica possibilidade de valorização do que nós temos.
Nós mesmos.
Seremos apenas um grupo
que se reunirá no submundo.
Como Sartre e seu grupo a resistir contra a invasão alemã.
Teceremos a colcha de retalhos dos valores culturais,
a nos cobrir da opressão anticultural?
Aguardaremos a vinda de Odisseu, após longa viagem?
Resistiremos?
Teceremos a colcha que nos aquecerá da frieza dos incautos?
Nesta primavera, quente, úmida e fria, quente de novo, fria, chuvosa,
oscila a esperança. De um lado pende para perdê-la para sempre.
Do outro, brota com mais força e veemência.
Como a samambaia, que daquele prédio frio e cinzento,
surge vistosa. Assim é nossa vida.
Brota, amadurece, morre, renasce.
Marcos Túlio
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