Andrade Gutierrez tem “Conselhinho” com todo poder na Cemig

Andrade Gutierrez tem “Conselhinho” com todo poder na Cemig Ao mesmo tempo em que deixa os eletricitários mais de três meses sem Acordo Coletivo, a direção da Cemig se curva às vontades dos seus sócios privados. O atual Acordo de Acionistas dá superpoderes para a Andrade Gutierrez decidir os rumos da Cemig. Não é à toa que o comentário dentro da Companhia é que nada é aprovado pela gestão da estatal sem que o“Conselhinho da Andrade Gutierrez” tenha se posicionado. A empreiteira tem forte presença nos comitês de apoio ao Conselho de Administração da Cemig, por onde passam todas as decisões da estatal. É o “conselhinho” da AG que analisa e seleciona todos os investimentos e despesas da Cemig. Foram criados seis comitês permanentes para analisar os assuntos do Conselho de Administração, que é o órgão máximo da gestão da Cemig. Um pequeno exemplo do poder da Andrade Gutierrez é o prédio da Forluz que está sendo construindo em frente à sede da Cemig, em BH. O edifício está sendo feito para ser ocupado pela Cemig. Contudo, o imóvel somente será usado parcialmente ou na totalidade pela Cemig, como previsto, com autorização da Andrade Gutierrez. Entre os comitês permanentes, há um especialmente estratégico que é o de Desenvolvimento e Gestão de Participações, com poderes para analisar os estudos de aquisição e participação em novos negócios, premissas para investimentos, pontos positivos e negativos de cada negócio. O ‘supercomitê’ opina, até,sobre as abordagens a serem seguidas nas negociações, sobre matérias significativas das empresas subsidiárias, controladas e coligadas e também sobre alienações. Nada mais oportuno para a Andrade Gutierrez, já que o Acordo de Acionistas, prevê, no item 4.2.6, que “Será sempre indicado como um dos membros dos referidos comitês o Diretor de Desenvolvimento de Negócios e Controle Empresarial de Controladas e Coligadas”. No item 4.3.2, vem o pulo do gato. “Os Acionistas acordam que o Diretor de Desenvolvimento de Negócios e Controle Empresarial de Controladas e Coligadas será sempre indicado pela AGC Energia”. A ACG Energia, vale lembrar, é a subsidiária da Andrade Gutierrez. Operação nebulosa A Andrade Gutierrez entrou na Cemig como “sócia estratégica” através de uma manobra estranha. A Cemig comprou a participação da Andrade na Light do Rio de Janeiro por R$785 milhões, fazendo o pagamento à vista, e a Andrade Gutierrez deu R$500 milhões de entrada para comprar 33% de ações ordinárias da estatal mineira, deixando o restante do valor da compra (R$1,6 bilhão) para ser pago em 10 anos com a emissão de debêntures a serem adquiridos pelo BNDES com a taxa facilitada de CDI mais 1,5% de juros. O eletricitário já matou a charada: a Cemig quer menos para os trabalhadores e mais para a Andrade Gutierrez. (Extraído do SindieletroMG)

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