É correto o governo incentivar a produção da agricultura familiar

É correto o governo incentivar a produção da agricultura familiar Conforme o último Censo Agropecuário realizado pelo IBGE com dados relativos a 2006, saem de propriedades agrícolas com média de 18 hectares cerca de 80% dos alimentos base da nutrição dos brasileiros. Dos 5,2 milhões de estabelecimentos pesquisados pelo Instituto, 84% estão nessa categoria, embora detenham apenas 24% da área total ocupada. Mandioca, feijão, milho, café, arroz, leite, porco, frango, boi, quem já não comeu ou bebeu? O programa de financiamento aos agricultores enquadrados na categoria, para a safra 2012/13, oferece R$ 18 bilhões para custeio, investimento e comercialização e R$ 4,3 bilhões para apoio. Da primeira parte, não duvido; da segunda, duvido e muito. Quer-se ampliar os serviços de assistência técnica e extensão rural, garantir preços de comercialização, comprar alimentos e organizar a gestão dos agricultores. Itens que, ao contrário dos direcionados ao crédito, não estão estruturados e lubrificados pela extensa e tradicional rede de instituições bancárias. O acesso dos agricultores a eles é feito através de departamentos ou programas conduzidos diretamente pelo governo, muitas vezes perdidos entre as instâncias federal, estadual e municipal. Com isso, os recursos acabam não sendo utilizados ou, se utilizados, infiltrados nos grandes ralos da esfera pública quando imbricada com empresas privadas e organizações não governamentais. Nem sempre a gestão desses recursos tem recebido a transparência merecida. Afinal, R$ 4,3 bilhões é muito dinheiro, e se tivesse destino correto seria facilmente perceptível no campo. Se duvidarem, sobretudo os que lidam com a agropecuária ou pelo menos moram próximos de grandes polos agrícolas, perguntem na região como tem sido esse apoio. Mesmo organizações importantes, como a Embrapa, que serve à pesquisa e, assim, à agricultura dita, equivocadamente, empresarial, vive batendo lata atrás de recursos. Sem dúvida, a ideia de adquirir alimentos e fornecer refeições escolares para a rede pública é ótima. Mas quais bases de planejamento e gestão foram estabelecidas para esses programas? Mais: qual a estrutura do ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para fazer eficaz ao mesmo tempo tanta coisa? PRONAF, Reforma Agrária, Rede Brasil Rural, Portal da Cidadania, Terra Amazônia Legal, Mais Alimentos, Programa Organização Produtiva de Mulheres Rurais, Núcleo de Educação à Distância, Projeto Dom Hélder, Garantia de Safra, Documentação, Biodiesel, Arca das Letras, Assistência Técnica, Crédito Fundiário. Não é muito não? Mesmo grandes empresas privadas têm dificuldade em gerir organizações assim complexas sem poder mensurar a efetividade de cada competência e suas relações internas e externas. Ainda mais se deficientes de recursos financeiros e humanos, como é queixa constante. Não seria melhor algo menor, menos pretensioso, mas bem feitinho? (Extraído do blogdoruidaher)

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