A EXPERIÊNCIA QUE VIVI NA DIREÇÃO DA CUT MG

A EXPERIÊNCIA QUE VIVI NA DIREÇÃO DA CUT MG Em época de congressos da CUT, sempre somos testados a fazer uma reflexão sobre o papel da central no fortalecimento da democracia e o seu papel na organização dos trabalhadores e trabalhadoras. Acho que uma falha nossa enquanto militantes sindicais cutistas é a nossa pouca capacidade de fazermos avaliações mais periódicas de nossa atuação. Reconheço que o momento que se vive em Minas é de incertezas, inseguranças, quanto ao nosso principal papel enquanto central. Sermos aglutinadores das forças populares contra um projeto de governo conservador e excludente de grande parte da população, como é o governo do PSDB nos últimos 10 anos, ou uma CUT articuladora das lutas dos trabalhadores e trabalhadoras em suas diversas formas de representação? Particularmente, como trabalhador do serviço público, a primeira hipótese é mais sedutora, haja vista, não perceber essa concentração de esforços para derrubar o projeto tucano, seja pela via partidária, seja pelos movimentos sociais. Mas a segunda também é de suma importância, pois sem um papel de articulação das lutas, nós trabalhadores ficaríamos “atirando para todos os lados”. Claro que a CUT deveria ser um pouco de tudo, dado o seu caráter plural e solidário, premissas essas fundantes da central e estruturantes de nossa atuação. Acertar essa nossa atuação, resolveria em parte nossos problemas que são muitos, aliás. Antes de contar um pouco da experiência enquanto dirigente da CUT, esse texto visa contribuir para o 11º Congresso Estadual e, portanto, debater alguns pontos. Em relação à estrutura da direção da central, apesar da boa experiência que foi a alteração estatutária feita no último congresso, com a inclusão de algumas secretarias e redefinição do papel de outras, deveríamos repensar nossa estrutura, para que a mesma fique mais ágil e possa dar contas das demandas que são enormes. Uma estrutura mais descentralizada, onde toda a direção possa participar das atividades da central, distribuindo os trabalhos, democratizando o poder, ajudaria a atender muita coisa e oxigenaria a direção. Para compor a diretoria, respeitando os critérios e perfis que atendam à CUT, acredito que a mesma poderia ser composta com representações em todo o Estado, respeitando os critérios de representação dos ramos. Enfim, poderia se eleger um núcleo composto por presidente, secretário-geral e diretor financeiro e de finanças, mais presentes em Belo Horizonte e na medida do possível, os integrantes da Executiva, desenvolvendo o trabalho da Central pelo restante do estado. Claro que teriam que se reunir sempre que possível na capital para encaminharem as decisões políticas tomadas pela Direção Estadual. Direção essa, aliás, que deveria se reunir mensalmente para definir as políticas da central. Esse papel não pode ser delegado para a Executiva. Sobre a estrutura administrativa, o que mais pesou quando eu fui Tesoureiro, e não tem tanto tempo assim, era a falta de comprometimento de diversas entidades na sustentação política e financeira da CUT. Fenômenos típicos e cotidianos na Central em relação às finanças: entidades filiadas se recadastravam com dados subavaliados, para reduzirem a sua contribuição à central, ou seja, se a entidade x, como exemplo, pagava 14.000,00 de mensalidade, deveria pagar 40.000,00 e não era uma ou duas, mas, várias. Sem falar na inadimplência que, pelo que me consta, continua altíssima até hoje. Sinceridade, deveria ser feita uma tentativa de conversar com essas entidades “devedoras” uma única vez, caso contrário, deveria ser feita a exclusão das mesmas. É melhor você ter 50 entidades que acreditam e sustentam a central do que 300, sem nenhum compromisso. Acho ainda que a direção eleita agora em junho de 2012, deve prioritariamente, montar um projeto de sustentação bem fundamentado, colocando as dificuldades, os problemas, a possibilidade de crescimento, em quais categorias conseguiremos avançar na organização, em quais disputaremos com peso, como será nosso projeto de enfrentamento ao governo do Estado, enfim, exigir que a CUT Nacional banque uma estrutura mínima de funcionamento do Estado, senão, a tese de que nós mineiros seremos apenas reprodutores da política ditada por São Paulo será trazida por nós e nos tornaríamos apenas um escritório da CUT Nacional. Quanto às Regionais, vejo que há muita vontade e pouca ação para o fortalecimento das regionais no estado, onde todos reconhecem a importância das mesmas para o fortalecimento da central, mas já ouvi discursos atuais de que a estrutura de Regional não funciona mais e que deveria ser repensada um novo jeito de organização. Gostaria ainda de apostar no modelo de regionais como uma última tentativa para esse próximo congresso e se não resolver, daqui a três anos, rediscutiríamos. É importante que a CUT Minas banque uma estrutura básica para as regionais existentes, como aluguel, funcionários, material, etc, e uma sustentação política na definição dos papéis a ser desempenhados pelas regionais nessa rede de organização da central. Nas regiões onde a CUT não está presente, é necessário que o planejamento estratégico a ser marcado após o congresso, aponte como chegar onde não se está presente. Quanto às entidades filiadas, é importante que assumam também, o papel de sustentadoras políticas da CUT Minas. Ao indicar um dirigente para a direção da central, tem que ser precedido o apoio político àquele dirigente, por isso, o debate no momento da composição da direção deve ser pautado sobre como a entidade que está indicando um companheiro ou companheira, dará apoio sobre diversas formas para o mesmo. E qual o perfil o companheiro possuirá, se propenso para a formação, ou para a organização sindical, ou para o meio ambiente e assim por diante. Além disso, se a companheira ou companheiro não trouxer para o trabalho a disponibilidade de preferência exclusiva, veremos uma direção novamente concentrada em poucos dirigentes. E por fim, é importante deixarmos de lado o discurso que só nossa categoria é quem faz o trabalho ou que só o sindicato tal toca a luta dos trabalhadores mineiros, somos uma central aglutinadora das lutas, trabalhando nas diversas maneiras, respeitando as diferenças, enfim, onde cada entidade filiada, cada trabalhador ou trabalhadora representado, possam sim, reafirmar com certeza de sermos todos CUT. Quanto ao meu relato, enquanto ex-membro da atual direção, posso afirmar que foi um momento rico e de aprendizagem, mas principalmente, de construção de relações duradouras. Marcos Túlio

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