Não se brinca carnaval em cenário de mortes no trabalho

Não se brinca carnaval em cenário de mortes no trabalho

Estamos na semana pré-carnavalesca. Semana de ansiedade para que comece logo o carnaval e todos e todas possam brincar, se divertir, namorar. Infelizmente, esse cenário não está propício para os trabalhadores da Cemig.
Ontem aconteceu mais um acidente fatal, onde dois companheiros da empreiteira Engele faleceram. É a quarta morte no trabalho em 2011, o que confirma um triste recorde nacional, uma morte no trabalho a cada 45 dias, considerando a média dos últimos dez anos, mas se considerarmos só o ano de 2011, um acidente fatal a cada 15 dias.
Por isso, esse grito, essa denúncia, essa angústia, não podem ser só dos eletricitários, tem que ser de toda a sociedade organizada. É preciso dar um basta imediato a esse cenário de horror. Quantos mais morrerão? Quantas famílias ainda não saberão se seus entes queridos não voltarão à suas casas.
É preciso que se exija do Governo do Estado, uma alteração no modelo de gestão da Companhia, para que a mesma seja promotora da vida, do desenvolvimento sustentável e não de uma política para multiplicação dos acidentes e mortes, da piora no atendimento prestado à sociedade, nos apagões, da tarifa estratosférica.
Infelizmente, ao invés de serpentinas, pierrôs, colombinas, desfiles, blocos, trios, marchinhas, charangas, sepultamentos, revoltas,dor, consternação, estatísticas, enfim, tristeza por mais mortes.
Presto aqui minhas homenagens aos companheiros, José Raimundo e João Batista, mortos após o tombamento do caminhão de Engele em Santana do Paraíso, pertinho de Ipatinga.
Marcos Túlio

CHAGA HUMANA


Até quando deixaremos trabalhadores morrerem em seus locais de trabalho?
Por condições precárias, por excesso de jornada, por pressões e assédios diversos?
Até quando ficaremos impassíveis, insensíveis,
bestializados, embrutecidos?

Quando irromperemos contra a ganância empresarial,
a precarização no emprego, o lucro excessivo,
o sangue jorrado pela calçada da impunidade?
Até sermos todos extintos?

Até o próximo ano, ou o seguinte ou nunca?
Vidas ceifadas, vidas tombadas.
Até quando deixarei de ler a manchete:
“Trabalhador morre na rede elétrica!”
Triste estatística, 01 morte a cada 45 dias.

Até, quando?

Quando cruzarei os braços em protesto?
Ou uma vigília, um abaixo-assinado, uma passeata?
Não podemos nos permitir que a lágrima da indignação seque.
Sinto um baque quando descubro
que trabalhador ainda morre ou é mutilado no local de trabalho.

É uma agressão à dignidade humana,
no direito à vida,
na impossibilidade de embalar o sono do filho ainda de colo.
Esta tragédia não pode continuar.
Por isso,
Até quando...
Marcos Túlio

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