Tem história – Paraguai x Eslováquia. Ou será Eslovênia?

Tem história – Paraguai x Eslováquia. Ou será Eslovênia?

Por olavosoares em 19 de junho de 2010

À confusão mais comumente feita sobre a Copa de 2010, um merecido tributo. Ou seria uma contribuição?

A confusão mais comum na Copa de 2010 é a que se faz entre Eslováquia e Eslovênia. As duas nações europeias são trocadas entre si inúmeras vezes, ao menos entre os brasileiros. É muito comum dizer que uma seleção fará determinado jogo quando na realidade quem entrará em campo é a outra, e vice-versa. Narradores e comentaristas também entram na dança: durante Nova Zelândia x Eslováquia, a palavra “Eslovênia” foi pronunciada no mínimo cinco vezes em cada um dos canais que fazia a transmissão da partida.
Eslovenos comemoram gol com dancinha de gosto duvidoso. A parte deles por aqui vai acabar no próximo parágrafo (Foto: Ivan Alvarado/Reuters)

Eslovenos comemoram gol com dancinha de gosto duvidoso. A parte deles por aqui vai acabar no próximo parágrafo (Foto: Ivan Alvarado/Reuters)

A situação é parcialmente justificada pelo nome similar – é humanamente aceitável trocar o nome de dois países iniciado por “Eslov” – e também pelo fato de os dois países serem relativamente jovens. A Eslovênia é uma das repúblicas originadas pelo fim da Iugoslávia, e é independente desde 1991; já a Eslováquia tornou-se uma nação autônoma em 1993, quando a chamada Revolução de Veludo dissolveu a Tchecoslováquia. Ambos também estão no Leste Europeu, têm um passado de integrantes da Cortina de Ferro, enfim: embora equivocada, a tal confusão é compreensível.

E é nessa confusão que está baseado este Tem História referente a Paraguai x Eslováquia. É para ela que contribuímos!

EslovÊNIA

Se desconsiderarmos as vezes que a extinta Tchecoslováquia entrou em campo, as histórias futebolísticas eslovaca e paraguaia não se cruzam. Apelemos, então, para a confusão; resgatemos um Paraguai x Eslovênia, acontecido há oito anos, na Copa do Japão e da Coreia do Sul.

Paraguai e Eslovênia compunham, juntamente com África do Sul e Espanha, o Grupo C daquele Mundial. Desde o sorteio que definiu os grupos, a chave foi tida como uma das mais fáceis do certame. Esperava-se que a Espanha tivesse vida fácil e que a emoção no grupo residisse para a definição do segundo colocado. De fato, foi o que ocorreu. Fazendo nove gols em três partidas, a Espanha derrotou todos os adversários e deixou na mão dos oponentes produzir alguma emoção para o grupo.

Na terceira rodada, a Espanha, com seis pontos, já estava classificada e enfrentava a África do Sul. Os Bafana Bafana haviam vencido a Eslovênia e empatado com o Paraguai; um empate os levaria para as oitavas. Se perdessem, precisariam torcer para vitória eslovena ou empate no outro jogo.

Mas tudo deu errado para os sul-africanos. A Espanha mostrou que não faria um jogo de compadres e conquistou um 3×2 que lhe garantiu os 100% de aproveitamento na primeira fase.

Mesmo com a derrota dos concorrentes diretos, o Paraguai precisaria vencer a Eslovênia por dois gols de diferença, para superar a África do Sul no saldo de gols.

E a partida acabou sendo das mais emocionantes do Mundial. A Eslovênia fez 1×0 nos acréscimos da primeira etapa. O Paraguai obteve o empate apenas aos 20 do segundo tempo, virou aos 28 e fez o terceiro gol que lhe deu a vaga aos 39 – quando a África do Sul sofria o tal 3×2 que, até então, lhe levaria às oitavas. Os dois primeiros gols do Paraguai foram marcados por Nelson Cuevas que, anos depois, jogaria no Santos (e, cá entre nós, não deixaria saudade alguma).

O Paraguai passou de fase e foi eliminado nas oitavas pela Alemanha, a vice-campeã daquele torneio. A Eslovênia encerraria sua estreia em Copas do Mundo com uma campanha de três derrotas em três jogos.

Já a Eslováquia… bem, essa ainda não tem nada a ver com o papo, a não ser pelo nome similar ao da Eslovênia. Com o jogo de domingo, essa história começará a mudar.
(Extraído da Revista do Brasil)

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