Se essa Rua fosse minha

Se essa Rua fosse minha


Rua da nostalgia, aprazível, de se namorar escondido.
Rua da esperança, do tocar na mão da pessoa amada,
de suspirar debaixo do poste de pouca luz.
Rua de João do Rio, a vislumbrar uma cidade que tanto amava.

Rua do Fábio, saudoso pelo pique que não há mais,
da pelada na rua,
das fofocas e planos coletivos,
dos amores escondidos, das meninas que despontavam para virarem mulher.

Rua que abrigou boêmios, pederastas, malandros.
Rua da Lapa, da navalha, das noitadas,
das obscenidades, dos amores perdidos.
Rua de Dona Flor, com seus dois amores.
Rua do Chico, a gritar por liberdade em "Vai Passar".

Rua dos esquecidos, dos anônimos, dos sem-vida,
dos pedintes e drogados, todos mortos pelos esquadrões da morte.
Rua dos enlouquecidos pela fome e miséria, esquecido num canto qualquer.
Rua dos que roubam para fumar o crack.
Todos, abandonados pela sociedade que não quer mudança.

Rua das lutas dos trabalhadores, da repressão policial,
das greves e passeatas, por liberdade e democracia.
Rua dos cantores e saltimbancos,os malabaristas dos sinais,
os vendedores de balas, o cadeirante a pedir alento,
e todos e todas que dependem dela para viver.

Em ruas, avenidas, praças, travessas, de faixa dupla, ou sentido contrário,
sem saída, de ligação, via lateral, via marginal, estradas de asfalto o de terra,
em pistas de rolamento ou ciclovias, na faixa de pedestres ou na calçada.
em todos eles, vida pulsante.
Em toda a forma de rua, amor.

Marcos Túlio

Comentários

  1. Muito legal o texto... Imagino uma seleção de imagens para ilustrar a narrativa do texto... ficaria muito massa...

    Ass: Fábio

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