Trabalhadores se mobilizam por melhores condições de saúde e segurança

27.04.10 - AMÉRICA LATINA
Trabalhadores se mobilizam por melhores condições de saúde e segurança

Natasha Pitts *

Adital - Desde 2003, as organizações de trabalhadores de todo o mundo comemoram o 28 de abril como ‘Dia Internacional da Segurança e da Saúde no Trabalho’. A data, além de ser destinada às mobilizações pela vida e pela saúde dos trabalhadores, também é utilizada para conscientizar e chamar a atenção para o risco diário a que muitos trabalhadores se expõem. O lema das mobilizações deste ano é: "Com sindicatos o trabalho é mais seguro".
Para Isamar Escalona, responsável pelo Programa de Saúde Laboral da Conferência Sindical dos Trabalhadores das Américas (CSA), a data tem uma importância que vai além da conscientização sobre os direitos e exigência de melhores condições. "O Dia da Segurança e da Saúde no Trabalho tem a ver também com a lembrança dos trabalhadores que morreram ou que ficaram feridos ou lesionados no trabalho. Por isso, se fala tanto em condições dignas para que o trabalho seja mais seguro e sadio", esclarece.

As mobilizações, reuniões, palestras e comemorações do 28 de abril tiveram início ontem (26) e, em alguns países, devem seguir até sexta-feira. Desde o início das mobilizações deste ano, entre os avanços que já foram conseguidos, Isamar destaca a assinatura de um novo convênio pela saúde e segurança laboral.

"Hoje, foi firmado na Argentina um convênio entre o governo e as centrais sindicais do país para a proteção da saúde e da segurança dos trabalhadores. Este tipo de iniciativa é importante porque as mudanças têm que começar a partir das políticas públicas. A significação maior das mobilizações e do 28 de abril é mudar as políticas públicas para garantir que o trabalho seja mais seguro", explica.

Segundo informações da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a cada dia morrem cerca de cinco mil pessoas em todo o mundo vítimas de acidentes ou doenças provocadas por más condições de trabalho. Por ano, o número de mortes chega a 2,3 milhões. Anualmente, são registrados uma média de 270 milhões de acidentes e 160 milhões de trabalhadores contraem doenças não mortais. Com relação à utilização de substância perigosas, sua manipulação mata 438 mil por ano e provoca 10% dos piores tipos de câncer de pele. Apenas o amianto vitima 100 mil trabalhadores a cada ano e este número apenas cresce.

Na tentativa de melhorar substancialmente suas condições de trabalho, milhares de trabalhadores estão realizando atos ao redor de todo o mundo. Segundo Isamar, há registros de mobilizações na Argentina, na Croácia, no Peru e em diversos outros países. "Na França, empregadores, trabalhadores, organizações sindicais e a OIT estão reunidos para debater como prevenir riscos no trabalho. No Brasil, uma reunião em Brasília deverá tratar do fortalecimento da legislação sobre a saúde dos trabalhadores. Em alguns países estão sendo realizadas palestras para que os trabalhadores compreendam seus direitos e não se exponham a riscos", enumera.

A responsável pelo Programa de Saúde Laboral CSA pontua que os movimentos sindicais estão impulsionando diversas campanhas que tratam da criação e do fortalecimento de medidas que preservam a vida e a saúde dos trabalhadores. No entanto, entre várias necessidades, existem as demandas comuns.

"A prevenção no local de trabalho está entre as principais necessidades, pois são as medidas preventivas que garantem em primeiro lugar a saúde e a segurança dos trabalhadores. As políticas públicas são outro fator importante para garantir a segurança e os direitos. Os trabalhadores também estão se unindo pela campanha para a ratificação de convênio da OIT que trata da saúde no trabalho".

As mobilizações do Dia Internacional da Segurança e da Saúde no Trabalho devem seguir até a sexta-feira (30), a fim de chamar a atenção da maior quantidade de pessoas para a causa. Isamar Escalona chama os trabalhadores a se unir e fortalecer esta luta. "Na medida em que os trabalhadores se organizam fica melhor lutar contra as condições adversas e diferentes do que é certo. Juntos, é possível lutar mais".

* Jornalista da Adital

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