Conselho da Confederação Sindical das Américas

Conselho da Confederação Sindical das Américas

Escrito por Leonardo Wexell Severo
22/04/2010
CUT sublinha na CSA papel do Estado no combate à crise e reitera apoio a Cuba contra o criminoso bloqueio estadunidense





João Felício representou a CUTO secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores, João Antonio Felício, afirmou nesta quarta-feira (21), em São Paulo, durante reunião do Conselho Executivo da Confederação Sindical das Américas (CSA), que “a intervenção do Estado como agente indutor do desenvolvimento econômico foi, é e será cada vez mais decisiva para garantir a justiça social e os direitos da classe trabalhadora em nossos países”.

Representando a CUT no evento, que contou com a presença de lideranças de mais de 15 países, João Felício citou os avanços obtidos no Brasil a partir de ações incisivas como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para sublinhar “a importância do investimento no mercado interno e na produção, em contraposição à lógica neoliberal de enfraquecimento do Estado e subserviência ao capital especulativo e às multinacionais”. O dirigente cutista defendeu a necessidade de uma ação mais enfática do sindicalismo da região contra os Tratados de Livre Comércio (TLC), “que acabaram por levar à ruína economias como a mexicana” - cujo PIB caiu 6,5% em 2009 – e disse que é hora das centrais ampliarem a pressão dentro de cada país para garantir a taxação do sistema financeiro.

Diante dos recentes ataques movidos pelo imperialismo contra Cuba, que vêm sendo reverberados à exaustão pelos grandes meios de comunicação privados, João Felício reiterou que “é inadiável por fim ao criminoso bloqueio econômico imposto pelo governo dos Estados Unidos” e também de se “desmantelar a base militar de Guantânamo, cuja existência atenta contra os direitos humanos mais elementares”.

Elogiando o informe apresentado pelo secretário geral da Confederação Sindical das Américas (CSA), Victor Baes, Felício disse que a CUT compartilha com a ideia de que chegou o momento de consolidar um projeto de unidade continental, articulando e mobilizando o maior número de organizações para impulsionar mudanças que garantam conquistas e ampliem direitos.

Apresentando inúmeros dados e gráficos sobre a dimensão da “crise internacional, que tem aprofundado o desemprego, o arrocho salarial e a flexibilização de direitos, e provocado um inegável retrocesso”, com a diminuição de mais de 20 milhões de postos de trabalho, Victor citou o exemplo positivo do Brasil, “cada vez mais uma referência”. “Investindo no fortalecimento do Estado, o país conseguiu gerar milhões de empregos e aumentar o poder aquisitivo dos salários, enquanto países como o México, que vincularam sua economia à dos EUA, tiveram uma queda monumental no seu Produto Interno Bruto”, assinalou.

Victor Baes lembrou que “se há uma crise, ela é do emprego” e que a própria Organização Internacional do Trabalho (OIT) projeta que a situação do emprego só voltará aos níveis anteriores aos de 2008, ano do início da crise, entre 2017 e 2018. “Daí a necessidade de destacarmos a interrelação entre as medidas econômicas e sociais. Precisamos recuperar o papel dos Estados nacionais no investimento”, acrescentou.



Rafael Freire (CSA)Conforme o secretário de Política Econômica e Desenvolvimento Sustentável da CSA, Rafael Freire, a disputa pelo desenvolvimento sustentável faz parte do pós-neoliberalismo, “sendo a América Latina a região do planeta onde mais temos condições de avançar”. “Daí a necessidade da integração, da complementaridade das nossas economias, de utilizarmos para o bem dos nossos povos esta imensa biodiversidade, as nossas riquezas naturais, a energia, a água, de defendermos a nossa soberania”, frisou. Rafael também condenou a presença de bases militares norte-americanas na região e denunciou o militarismo do governo colombiano e sua submissão à política de Washington como “ameaça à soberania da Amazônia e dos países vizinhos”.

Dirigente da CUT Colômbia, Raul Arroyave denunciou o governo fascista de Álvaro Uribe: “varreu com a legislação sindical, criminalizou os movimentos sindical e social, jogou o desemprego para 14% e a informalidade para mais de 60%, enquanto investe 4,2% do PIB no armamentismo, mantendo um exército do tamanho do brasileiro para um país oito vezes menor, com uma população de cinco a seis vezes inferior”. “A destinação destes recursos todos para tropas e armas é um absurdo, porque o único país que pode nos invadir, efetivamente, é os Estados Unidos, com quem Uribe está aliado. A manobra utilizada pelo governo colombiano para tentar justificar seu armamentismo, denunciando a Venezuela que comprou algumas armas após sofrer um longo embargo, é a mesma do ladrão que assalta a vítima e grita: ‘Pega ladrão’”, apontou. Arroyave pediu ainda a solidariedade de todos aos povos do Iraque e do Afeganistão, que estão tendo seus direitos humanos violados por uma criminosa invasão.



Adolfo Aguirre (CTA)
O secretário de Relações Internacionais da Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA), Adolfo Aguirre, constatou que, frente aos desafios colocados, cabe aos sindicalistas “andar com um escudo e uma lança, para se defender, mas também para atacar as alternativas da morte”. “Há os que fazem lobby para as multinacionais, para os que querem apagar conquistas. Nós não somos um grupo de estudos ou de politólogos, nós estamos aqui para defender e consagrar direitos”, conclamou Aguirre.

Atualizado em ( 22/04/2010 )

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