Resesenha do Livro: História das Cancões

O Livro de Wagner Homem, curador do site de Chico Buarque, lancado em 2009 pela editora Leya, traz um pouco da história da discografia do grande artista brasileiro. São comentários de 132 cancões que passam pelo início da carreira na década de 60 até os dias de hoje. Não deixe de ler: História das Cancões de Wagner Homem, Editora Leya, 353 páginas. Segue abaixo, alguns comentários sobre o livro


"Além das histórias que estão por trás das letras e das músicas, o livro faz um retrato da história política e cultural do Brasil a partir do final dos anos 50, para contextualizar as músicas. Vale a pena ler para conferir. Parabéns para o autor pela brilhante idéia".
Tucá Neves (professora de literatura)

"O livro tem linguagem fluente, despretensiosa, vai conduzindo o leitor em sendas que parecem simples, mas pouco a pouco, em meio às suas histórias, vai-se confirmando explícita ou subjacentemente, a genialidade do Chico ( a clareza com que vc mostra isso, por exemplo, com a canção para o filme A ostra e o vento, e o desvio da rima, de uma extremidade para a outra). As cartas e bilhetes trocados com Vinicius, Tom (Chico sustentando seus pontos de vista, já evidenciando sua segurança e maturidade artística), as discussões sobre a língua e a gramática, mostrando também o escritor inventivo, rigoroso e vigoroso que Chico é.

Cada capítulo com seu ano correspondente acompanhado do contexto do tempo histórico ao qual cada canção pertenceu ou se originou foi também uma grande sacada sua. Você, sempre modesto, marcando sua conduta pela simplicidade. Me fez lembrar Oscar Niemeyer."
14/01/2010 Cecilia Sharlac

"Olá, Homem!
Nossa, gostaria muito de parabenizá-lo pelo belíssimo trabalho, uma vez que elucidou e muito minhas ideias acerca do meu doutoramento. Eram essas completudes que você mostra no livro que faltavam para fechar meu objeto de estudo. Parabéns e muito obrigado."
4/01/2010 João Paulo Fernandes

Uma história do livro:

Meu caro Barão (1981)

LetraEnríquez-Bardotti – versão de Chico Buarque
Para o filme Os saltimbancos trapalhões, de J.B. Tanko
Onde quer que esteja
Meu caro Barão
São Brás o proteja
O santo dos ladrão
Tava na faxina
Do seu caminhão
Vi essa maquina
De escrever no chão
Escovei a nega
Lavei com sabão
Deu uma cocega
Nos calo da mão

Pronto
Ponto
Tracinho, tração
Linha
Margem
Meu caro Ba...

Vire a pagina
Continuação
Ai, essa maquina
Tá que tá que é bão
Como eu lhe dizia
Meu caro Barão
A sua ausencia
É uma sensação
O circo lotado
Cidade e sertão
Domingo, sabado
Inverno e verão
Pronto
Ponto
De exclamação
Linha
Margem
Meu caro Barão

Tem gargalhada
Tem sim senhor
Tem muita estrada
Tem muita dor
Venha, Excelência
Nos visitar
Estamos sempre
Noutro lugar

Dizem que virgula
Aspas, travessão
Coisa ridicula
Dizem que o Barão
Que o Barão, meu caro
Tinha a faca, o pão
O queijo e os passaros
Voando e na mão
Pois eu tenho ouvido
Que o pobretão
Tá magro, palido
Sem ocupação
Pronto
Ponto
De interrogação
Linha
Margem
Meu caro Barão

Venha, Excelência
Nos visitar
A casa é sempre
De quem chegar
Se a Senhoria
Vem pra ficar
Basta algum dia
Se preparar

Pra rodar com a gente
Pra fazer serão
Pra ficar contente
Comer macarrão
Pra pregar sarrafo
Pra lavar leão
Pra datilografo
Bilheteiro, não
Pra fazer faxina
Nesse caminhão
Cuidar da maquina
E não ser mais Barão
Linha
Margem
Etcétera e tal
Pronto
Ponto
E ponto final

História
"No filme, os Trapalhões acham uma máquina de datilografia e decidem mandar uma carta ao Barão, dono do circo em que trabalham, que fugira com o dinheiro. Para mostrar as dificuldades que eles tinham com a língua e com o teclado, Chico tira o acento de várias palavras e faz com que rimem com outras (faxina com maquina, dizia com ausencia, lotado com sabado, virgula com ridicula, ouvido com palido, etc.). Além disso comete, propositalmente, erros de concordância em frases como “o santo dos ladrão” e “Deu uma cocega/ Nos calo da mão”. Os arranjos musicais incluem os sons da máquina utilizada pelos Trapalhões. Em 1989, quando eu preparava as letras para o livro Chico Buarque letra e música, Chico me ligou pedindo que abrisse na página que continha “Meu caro barão”. Para nossa surpresa, os textos eram diferentes. Antes de enviar o material para o autor, a editora fazia uma revisão e, num excesso de zelo, corrigiu os “erros” ortográficos e gramaticais de Chico Buarque."

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