Centralização na Cemig começa sob forte pressão

Centralização na Cemig começa sob forte pressão

A transferência de 20 técnicos do Centro de Operação da Distribuição do Leste do Estado para o COD Metroplitano, na Rua Itambé, em Belo Horizonte, em 25 de janeiro, aumenta a tensão em todo o Estado. Nos CODs de Montes Claros, Uberlândia, Pouso Alegre e Juiz de fora, onde a distância de Belo Horizonte é maior, o temor pela possível transferência forçada é enorme.

Sem informação e vivendo sob forte pressão, que se agravou no final do ano passado, os trabalhadores estão dispostos a lutar para ficar em suas cidades. Em Montes Claros são nove funcionários do COD, e a maioria não tem interesse em mudar de cidade. Segundo informações recebidas pelo Sindieletro, apesar da orientação divulgada de que os gerentes não deveriam assediar os técnicos para mudarem de local de trabalho, há alguns meses ninguém consegue transferência de setor na região onde está lotado.

Apesar de representantes da Cemig terem assumido, em agosto do ano passado, durante Audiência Pública promovida pela Assembléia Legislativa, compromisso de que toda transferência de cidade dependeria da vontade do trabalhador, a prática tem sido contrária. “Os gerentes dizem que não temos escolha e que a Cemig precisa de nós em Belo Horizonte. Mesmo que a gente consiga vaga na região, o chefe avisa que precisamos esperar a chegada de um substituto com um ano de treinamento para atuar no COD”, conta um técnico do interior. Alem disso, diz o trabalhador, a diferença salarial entre os técnicos de Centro de Operação e do pessoal que faz serviço de campo dificulta a mudança de função.

Outro técnico mostra como a transferência compulsória para a Capital complicaria a vida dos trabalhadores e, antes mesmo de acontecer, gera conflitos nas famílias. “A maioria dos técnicos tem esposa que trabalha na região, filho estudando e casa própria. Em BH, terá que comprar apartamento muito mais caro para abrigar a família. A opção de deixar a esposa e os filhos no interior certamente levaria à desestruturação das famílias”, lamenta.

Para um técnico do COD, a ida dos colegas de Governador Valadares para BH dá sinais do estilo autoritário com o qual está sendo gerenciada a unificação do serviço. A imposição da transferência da equipe, segundo denúncia recebida pelo Sindieletro, é agravada pelo sentimento de desvalorização da equipe do COD Metropolitano que agora opera a malha do leste e da Grande BH. Na Itambé, o clima é de indignação e opressão, valores que sabidamente não contribuem em nada para a eficiência empresarial e os técnicos cobram transparência e profissionalismo no processo de centralização.

A falta de abertura para o diálogo com o gerente, segundo denúncia recebida pelo Sindieletro, é percebida, inclusive, pela fala dos supervisores que demonstram muitas dúvidas sobre a unificação dos centros de operação. Também não há transparência em relação ao modelo usado para conceder benefícios para a transferência.

O diretor Administrativo e de Formação do Sindieleto, Marcelo Correia, ressalta que, quando envia o gerente do COD para negociar individualmente a transferência dos técnicos,a Cemig desrespeita o Acordo Coletivo de Trabalho e adota uma prática antissindical.

Para a direção do Sindieletro, não é preciso ser nenhum visionário para imaginar os frutos a serem colhidos em um processo conduzido sem transparência e com ameaças e promessas de privilégios. O sindicato vai intensificar a mobilização para cobrar da Cemig respeito ao trabalhador e coerência entre o discurso e a prática no processo de centralização.

A empresa foi procurada para esclarecer o processo de centralização, mas não retornou o pedido de informações.

Para o Sindicato também não dá para entender por que, apesar da enorme insatisfação da população com o atendimento da Cemig, ao invés de melhorar os serviços, a empresa torna a estrutura de atendimento mais precária, através de medidas como a centralização e terceirização, sucateando serviços.

Publicada em 03.02.2010 pelo www.sindieletromg.org.br

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