Juventude e Mercado de Trabalho

JUVENTUDE E MERCADO DE TRABALHO – Desafios para o movimento sindical

*Marcos Túlio Silva

A juventude brasileira tem passado por diversas transformações advindas de uma maior inserção no mercado de trabalho, fruto do aprofundamento de políticas públicas segmentadas e por maiores acessos á tecnologias de informação, reduzindo barreiras sejam no campo cultural ou econômico, quebrando vários paradigmas no processo de inclusão social que o Brasil vem desenvolvendo nos últimos anos. Claro que há muito que fazer para as políticas afirmativas para a juventude, mas políticas públicas quando transformadas em políticas de Estado, só consolidam a transformação social.
Especificamente em relação ao mercado de trabalho, apesar do grande desafio que é a inclusão de mais de 2 milhões de jovens de 16 a 24 anos por ano no processo produtivo e apesar do baixo crescimento do nível de emprego, em relação à população adulta, há sinais de recuperação nesse setor. O Dieese produziu o estudo, Trajetórias da Juventude nos Mercados de Trabalho Metropolitanos, entre os anos de 1997 a 2007, publicado em 2008. Nesse estudo, traz informações tais como: mercado de trabalho, educação e trabalho, rendimentos médios, taxa de desemprego, enfim, serve como orientador no trabalho de organização dos trabalhadores jovens, desafio que a CUT já começou com a criação da Secretaria de Juventude no ano passado.
Segundo o estudo, a juventude brasileira corresponde a 24% da população. Entre os jovens que trabalham no Brasil, 56% são mulheres e 49% são negros. Há mais concentração de jovens negros no Norte e Nordeste, com 64% e a população juvenil tem crescido pouco em relação a outros segmentos, na média de 0,3% ao ano. Esse baixo crescimento demográfico decorre da forte imigração, da diminuição na taxa de natalidade, no aumento de mortes por acidentes com veículo, entre outros fatores. No quesito desemprego, a taxa chega a 45% da População Economicamente Ativa – PEA, com 56% de mulheres. A taxa de desemprego em 1998 era de 46,5% da PEA
Comparando a juventude que trabalha com a que estuda, 19% dos jovens dedicavam-se exclusivamente aos estudos, enquanto 11% não trabalhavam nem estudavam. Em Belo Horizonte no ano de 2007, 10,6 % de jovens com o ensino fundamental incompleto e o mesmo número para o fundamental completo. No caso do ensino médio, 15% não completaram e 45% completaram o ensino médio. Para o ensino superior, 14,7% de incompletos e 3,4% de completos, respectivamente.
Nessa mesma pesquisa aponta que o jovem belorizontino trabalha principalmente no setor de serviços com concentração de 52% no setor de serviços e 74% está trabalhando no setor privado e desses 58% com carteira assinada. Em relação ao rendimento médio, enquanto um trabalhador adulto ganha em média 1073,00 reais, um jovem ganha 570,00 e um jovem negro, 510,00.
No tocante ao desemprego, notou-se que à medida que o jovem ia acrescentando anos de estudo, aumentava-se o tempo de procura pelo emprego, passando por uma seleção maior na procura de emprego.
O estudo demonstra de forma eficiente, que apesar do número alto de desempregados entre a juventude e, principalmente, entre as mulheres e negros, o número de desempregados tem crescido menos que outros segmentos. O estudo demonstra também que a qualidade no emprego e um melhor rendimento estão diretamente associados com o tempo e a qualidade do ensino proporcionado à população juvenil e que investimentos públicos têm que ser fortalecidos pelos governos para se diminuir a vulnerabilidade desta parte da população.
Para a CUT, tem que ser organizada uma ação estratégica que priorize a redução do problema da entrada no mercado de trabalho, articulando a luta pela redução na jornada de trabalho com a luta por mais acesso à educação, cultura e ao tempo livre e numa outra estratégia que é a promoção do trabalho decente para os jovens já inseridos no mercado de trabalho. Esse segundo eixo de atuação fortaleceria a luta por mais proteção social, regulação pública do trabalho e liberdade de organização sindical. 1/2010 Para


• Tesoureiro da CUT MG
• Presidente da CUT Vale do Aço
• Diretor do SINDIELETRO-MG

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