Eu Anônimo

Eu Anônimo

Sou um anônimo no meio da multidão.
Um pozinho de estrela no infindável Universo.
Um fio de cabelo na vasta cabeleira daquela mulher.
Desprezível até. Não valho nada.
Um eu qualquer que almeja mudar as coisas.
Melhorar o mundo.
Defender a igualdade ao máximo. Morrer pela solidariedade.
Sangrar por ela. Lutar.
Sou um pó, uma gota, um fio.
Choro quando não consigo reverter uma situação injusta.
Deprimo-me.
Retraio-me. Minha condição é de pequenez.
Empunho bandeiras, faço reuniões, viajo pelos cantos de qualquer lugar.
Também me perco no imobilismo.
Perco esposa, filhos, dinheiro, amigos.
O que faz mover um pozinho no meio do redemoinho?
Viajo, reúno, converso, enfrento.
Desespero, angústia, desânimo, batalha, guerrilha, guerra, luta, tática, planejamento.
Alegria, camaradagem, conversa fiada, vitórias.
Germinando novas vidas.
Saio cedo volto tarde.
Ah! Um pozinho quando unido provoca uma tempestade de areia.
Ou uma gota, um dilúvio.
Aquela estrelinha que é um João Ninguém, forma uma galáxia.
Sou um João. Um Zé.
Mas provoco explosões de nebulosas.
Faço cair um edifício pelo terremoto das esperanças.
Posso transbordar um rio.
Não sou Deus.
Um anônimo, pois, um fio de cabelo daquela mulher que passa logo ali.
Uma gota. Um ponto. Um fio.
Caminho pela multidão apressada.
Sou um deles.
Só quero mudar alguma coisa.
Com ou sem pressa.
Marcos Túlio

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