Dia das Mães

DIA DAS MÃES
Qual é a mãe que não chora ao ver seus filhos mortos?
Qual a que não roga num suspiro lento, o sofrimento de seus meninos?
Qual a que não sente a dor da opressão e muito sem esperança, se prende ao rosário?
Mãe, zelosa, percebe que cada filho e filha não poderia caminhar sozinhos.
Sim, nossa mãe América reflete sempre, o quanto isoladamente, caminhamos.
Chora copiosamente pelo sofrimento de muitos anos.
As chibatadas em nossos curumins.
Os troncos para os negros, o cativeiro, a desesperança.
Quem irá pagar pela dizimação de vários povos?
Quem assumirá a culpa pelo genocídio, o etnocídio, praticados em nossos irmãos?
E somos levados para a mendicância.
Espoliaram o nosso direito de sermos felizes.
As nossas reservas, as nossas florestas, rios, tudo se vão.
Nos roubaram, roubam e roubarão a nossa dignidade.
Mãe! Perdoa-nos por não conseguirmos pensarmos enquanto prole de sua mesma barriga.
Perdoa-nos, pela nossa indecisão, às vezes, por nossa indiferença.
Maíra caminha por sobre as águas!
Vem andando lentamente, a fitar-nos!
Vem mostrando que é possível mudar. Que é possível caminhar.
Andando pelas águas, pelas cordilheiras, pelas plantações de coca,
pelas matas, mares, pampas, campos, na neve, no seco, na seca, entre armas e flores,
com os desempregados, os pedintes, os trabalhadores, gente de toda a sorte ou azar.
A dor que sentimos pelas chibatadas que tomamos é aguda.
Não se cicatrizou. Nossa mãe chora revoltada.
Mas, derrubando troncos, cercas, chicotes, sonhando, lutando,
seria possível, olhar e caminhar firmemente sobre as águas.
Marcos Túlio

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