Conversa afiada 01/09/09

Como evitar que o pré-sal
seja uma maldição
1/setembro/2009 16:26

Para Carneiro, a Noruega evitou a maldição

A descoberta e a exploração da reserva petrolífera do pré-sal pode ser um fator de grande desenvolvimento do Brasil, mas também pode ser uma maldição, a chamada “doença holandesa”.

Se o Brasil não usar com racionalidade os recursos da exploração do petróleo, a economia do país ficará debilitada quando a produção chegar ao fim – a exemplo do que ocorreu na Holanda e no México. “O Brasil precisa fazer a gestão estratégica da receita do petróleo, da mesma forma que a Noruega fez”, explica o economista Ricardo Carneiro, professor do Instituto de Economia da Unicamp.

Em entrevista por telefone a Paulo Henrique Amorim, Carneiro, afirma que uma formas de fazer essa gestão é investir os resultados da venda do petróleo e utilizar somente os dividendos desse investimento. “A quantidade de dinheiro será menor, mais irá durar mais tempo”, pontua o economista. Uma das vantagens desse procedimento é o de evitar a valorização excessiva do real, que traria prejuízos à economia brasileira.

Segundo Carneiro, a estratégia de utilizar apenas os rendimentos de um fundo criado com a venda do petróleo é a mesma utilizada pela Noruega, país que inspirou o marco regulatório do pré-sal, anunciado ontem. Assim como o Brasil pretende fazer com a Petrosal, a Noruega também criou uma estatal responsável pela gestão dos ativos – o próprio petróleo e a receita proveniente de sua venda.

“A legislação do marco regulatório dá um indicativo de que o Brasil também usará apenas os rendimentos do fundo para investimentos na educação, combate à pobreza, ciência e tecnologia e cultura”, afirma Carneiro. Porém, o texto da lei não deixa isso explícito, frisa.

(Extraído do Conversa Afiada de hoje)

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