Tristeza em fim de tarde

TRISTEZA EM FIM DE TARDE



Por que sinto tristeza pelos 40 anos da morte de Sérgio Porto e dos 28 anos do falecimento de Nélson Rodrigues? Relendo suas biografias, sinto uma emoção só. Os dois reviraram o Brasil, cada um em seu estilo e tempo, ambos valorizando a nossa maravilhosa língua.
E João do Rio, tão novo quando morreu, mas nos deixou um legado enorme. Aldir Blanc, veio um pouco depois, não morreu é claro, mas o seu texto é uma fusão dos três geniais escritores citados acima. Uma mistura de tragédia, humor, cotidiano. Os quatro, apaixonados pela cidade maravilhosa.
Pena que a cada ano, nosso texto jornalístico está mais pobre, pasteurizado, frio. Ainda bem que temos um Zuenir Ventura, um Rui Castro, Luís Fernando Veríssimo, enfim, poucos sobreviventes da doce mistura literatura e jornalismo.
As décadas de 50 e 60 produziram grandiosos jornalistas, músicos, artistas que precisavam da liberdade para a criação. Liberdade esta tolhida em 68, infelizmente os mesmos 40 anos da morte de Sérgio. Esse, que era amante da música, do humor, um trabalhador contumaz no ofício da escrita. Um exemplo de dignidade e alegria, ambos tão difíceis de caminharem juntos.
Outras datas? 28 anos da morte de Vinícius, 14 sem Tom, 11 anos sem Darci Ribeiro, 04 sem Celso Furtado, 26 anos da morte de Sérgio Buarque, 18 sem Caio Prado Júnior, 07 anos sem Milton Santos e tantos que já se foram. Ainda bem que o Niemeyer está entre nós e já completou seu centenário.
É isso, choro quando relembro os momentos finais de figuras maravilhosas que o Brasil produziu, em alguns casos, presenciei, outros, me informei e em todos, chorei.
A propósito, são dez anos sem meu pai querido.

Marcos Túlio

Comentários

  1. Belo texto! E o que esperar do amanhã?
    Teremos textos jornalísticos ou softwere jornalístico?

    Acho melhor ir dormir...

    Fábio

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