Defesa de Lula estranha a curiosa "certeza" de Merval

Defesa de Lula estranha a curiosa "certeza" de Merval Jornal GGN - A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva soltou nota criticando o jornalista Merval Pereira, que solta críticas ao vento sem se informar melhor sobre o que fala. No caso, pedem que Merval faça uma leitura dos argumentos de defesa de Lula com a mesma acuidade que faz a de acusação, peça que os advogados de defesa ainda não tiveram acesso. Para a defesa, Merval se esmera em transformar o jornalismo em algo parcial, com lado e partido. Os advogados criticam Merval, dizendo que "deveria dedicar à leitura dos argumentos da defesa" de Lula "a mesma acuidade que revela dispor na reprodução de argumentos de cunho político de alguns membros da Lava Jato em relação ao ex-Presidente, inclusive antecipando muitas vezes o juízo difamatório, antes mesmo que os advogados tenham tido acesso à peça oficial de acusação". Na nota, diz-se que isso revela um padrão sistêmico, "o texto de hoje (6/8/2016) assinado por Merval em O Globo, nega a imparcialidade esperada do jornalismo de boas práticas e apenas reafirma seu alinhamento à 'politização da justiça', como sintetiza em seu título — posição já defendida por Merval em coluna publicada em 04/05/2016". A nota rebate a acusação de que Lula esteja fugindo da Justiça, ou mesmo desdenhando ou interpondo-se contro "o necessário combate à corrupção" quando o que faz é lutar por seus direitos e garantias. Ele também não procura criar cenário para pretenso "asilo político" ou "refúgio", como alardeia Merval, no momento em que os advogados de defesa partem em busca da subscrição de Geoffrey Robertson para a petição encaminhada ao Comitê de Direitos Humanos da ONU sobre "seus direitos violados no Brasil". Robertson, lembra a nota, é uma figura de reputação ilibada como profissional na defesa dos direitos humanos. No mesmo dia das falas de Merval, ele dá à Folha uma declaração que espera que "a possível discussão sobre o caso nas Nações Unidas mostre ao Brasil que o País precisa mudar a forma como lida com alegações de corrupção". Robertson não está defendendo uma caça às bruxas, diz a nota, mas sim a busca pelo real direito de Lula de ser "julgado por um juiz imparcial, que não esteja envolvido em ações da polícia ou do Ministério Público contra ele". Segundo a nota, Robertson afirmou que um país tem muito a se beneficiar quando "suas leis e procedimentos estão sujeitos ao escrutínio internacional para que atendam aos padrões internacionais de direitos humanos". O próprio Geoffrey diz que o Reino Unido muito se beneficiou por suas leis terem sido reformadas pela Corte Européia de Direitos Humanos, e o mesmo se deu em Portugal. “O Brasil herdou o sistema português antes da reforma, e o Comitê pode apontar onde é preciso mudar para torná-lo mais justo e eficaz", diz. "Sem o necessário rigor técnico, Merval tenta mais uma vez desqualificar a peça que argüiu a suspeição do juiz Sérgio Moro, afirmando que Lula tenta criar 'um clima de suspeição sobre Moro'. A defesa já arrolou fatos concretos que deixam inequívoca essa suspeição, que decorre, dentre outras coisas, pelo fato de o juiz: (i) ter feito 12 acusações contra o ex-Presidente em documento encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 19/03/2016; (ii) ter privado a liberdade do ex-Presidente por meio não previsto em lei (condução coercitiva); (iii) ter monitorado a defesa técnica do ex-Presidente; (iv) ter usurpado a competência do STF levantado o sigilo de conversas interceptadas de ramais usados pelo ex-Presidente, conduta que a lei define como criminosa; (vi) ter participado de lançamento de livro sobre a Lava Jato, com os direitos autorais já vendidos à Netflix para a produção de uma séria, que coloca do ex-Presidente no “centro” da operação; (vii) ter participado de diversos eventos com políticos que atuam em campo político antagônico ao ex-Presidente; (viii) ter decretado inúmeras medidas cautelares injustificadas", pontifica a defesa na nota. Além disso, cita a peça divulgada no dia 5 pelos procuradores da República da Lava Jato, que teve por objetivo apenas produzir manchetes em jornais e revistas. "Além de as afirmações ali contidas serem absolutamente impertinentes em relação ao assunto em discussão - a competência da Vara de Curitiba para investigar supostos fatos ocorridos no Estado de São Paulo - o próprio jornal O Globo reconhece, como registrado em outra reportagem (pág.3) da edição de hoje que "os investigadores não trazem novas provas sobre a participação do ex-presidente no esquema criminoso que atuou na Petrobras". É o próprio jornal desdizendo o que Merval trata como verdade absoluta!", rebate. E a defesa finaliza a nota afirmando ser curiosa esta certeza de Merval, que "trata com tranquilidade o 'cronograma' de desenlace das ações que ele dá como certas para Lula. Diz que, ao final das Olimpíadas (claro, para não comprometer os investimentos das Organizações Globo com o evento), são esperadas 'consequências concretas', que coincidirão 'também com o final do julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff'. Embora escandalosas, tais afirmações já não mais causam surpresa, partindo de quem partem. Mas não deixam de se constituírem como prova do irrefutável alinhamento entre segmentos da mídia e alguns membros da Operação Lava Jato, tal como já consta no comunicado dirigido à ONU", terminam. Os advogados Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira assinam a nota. Seria muito bom que o jornalista pudesse rebater a nota com fatos concretos, para que outros veículos pudessem ter acesso a tantas certezas. Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira http://jornalggn.com.br/

Comentários