BAZAR

BAZAR O que é a vida se não se vende? Por que se vender sem ter a vida? Vendemos, pois, tudo? Entregamos, ora, nossa alma? O que pode ser vendido em nossa vida, o que podemos dispor? O que nossa vida vale, num mercado que não tem valor? No lote vago das nossas ilusões, o enunciado aponta: Vende-se, o telefone é ............... Contato com o fulano de tal. Nas páginas amarelas de nossas relações, procuram-se amigos, afetos, carinhos. No site de buscas, a solidariedade. Vasculhamos nossas lembranças em cadernos desfolhados. Buscamos, afoitos, fotografias antigas no baú encostado no canto. Reviramos cartas, bilhetes, sensações antigas, Como a resistir num mundo tão rápido e frágil. Troca-se tudo, vende-se tudo, compra-se tudo. Nossa vida é um bazar a céu aberto, Um mercado turco, Uma 25 de março abarrotada. Vendilhões de chicote na mão expulsam o mercador das boas vindas. E continuamos trocando o afeto por presentes, trocamos o bem-estar material e peremptório, pelo carinho permanente. O afago, o abraço, o beijo, estão na vitrine. E os vislumbramos, pasmos, sem podermos tocá-los. Apenas vimos refletidos, a nossa imagem. Atônitos. Marcos Túlio

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